segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Socorro a Bolsonaro envolveu disputa entre hospital e ajuda de empresário


Homem, 63 anos, com trauma abdominal causado por arma branca, sem doença associada. Nome completo: Jair Messias Bolsonaro. Quando o então candidato a presidente da República deu entrada na Santa Casa de Juiz de Fora, na tarde de 6 de setembro de 2018, tudo o que ele significava fora dali e a razão que o levara ao hospital eram pontos secundários, segundo o médico que comandou a cirurgia de emergência nele.  “Esse era o caso clínico em si. No que isso diferiu dos outros pacientes que a gente atende? Nada”, afirma à Folha Luiz Henrique Borsato, 42, convertendo em palavras o senso de concentração e equilíbrio que diz ter aperfeiçoado em 18 anos de profissão.
Bolsonaro era, naquela hora, apenas um paciente. E um paciente à beira da morte. Chocado, como se diz no jargão médico, ele precisava de ajuda rápida para sobreviver. Os sinais de choque eram: pressão arterial muito baixa e frequência cardíaca descontrolada. Cada segundo era precioso. Fazia dez minutos que a barriga do candidato havia sido atravessada por uma faca de 30 cm de comprimento, em ataque executado por um detrator, Adélio Bispo de Oliveira —desde então preso pelo crime na penitenciária federal de Campo Grande (MS). Socorrido no meio da multidão em um ato de campanha, Bolsonaro iniciava ali uma jornada que incluiria três cirurgias, transfusões de sangue, colocação de bolsa de colostomia (para recolher fezes), transferência para o Albert Einstein, em São Paulo, complicações como paralisia no intestino, febre e muitas dores.
Superado o drama, o titular do Planalto fala desde então que sua sobrevivência foi um milagre e que só se salvou por vontade de Deus. Ainda como consequência do esfaqueamento, ele terá que fazer no domingo (8) uma nova cirurgia, a quarta, para corrigir uma hérnia surgida no local.
A facada perfurou os intestinos grosso e delgado e uma veia importante para a circulação no sistema digestivo. “No trauma grave, como era o caso, o socorro na primeira hora é crucial. Quanto mais rápidos o diagnóstico e o tratamento, melhor”, diz Borsato. Especialista em cirurgia do aparelho digestivo, o médico juiz-forano entrou na história por obra do destino, já que era o chefe do plantão e estava a postos para o que aparecesse. Conduziu a operação com uma equipe que tinha outros três cirurgiões. Discreto, de fala tranquila, Borsato evita expressar opiniões políticas.
Folha de S.Paulo

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