quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Diálogos revelam que procuradores ironizam morte de Dona Marisa e luto de Lula

Foto: Nacho Doce / Reuters
Integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba ironizaram a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia e o luto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É o que revela mensagens de chats privados no aplicativo Telegram enviados por fonte anônima ao site The Intercept Brasil analisadas em parceria com o portal UOL, publicadas nesta terça-feira (27).
Marisa sofreu um AVC hemorrágico em janeiro de 2017 e sua morte encefálica foi confirmada em fevereiro do mesmo ano.  Após a notícia da morte ser compartilhada no grupo ‘Filhos do Januário 1’, a procuradora Laura Tessler comentou: "Quem for fazer a próxima audiência do Lula, é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização".
Uma nota da colunista do jornal Folha de S.Paulo Mônica Bergamo sobre a agonia vivida pela ex-primeira-dama em seus últimos dias de vida foi compartilhada no grupo.  Laura então negou a possibilidade de o piora do quadro de Marisa ter acontecido após busca e apreensão na casa dela e dos filhos e condução coercitiva de Lula, determinada pelo então juiz Sergio Moro no ano anterior. 
"Ridículo... Uma carne mais salgada já seria suficiente para subir a pressão... ou a descoberta de um dos milhares de humilhantes pulos de cerca do Lula.  Só falta dizer que a Lava Jato implantou 10 anos atrás um aneurisma na cabeça da mulher... milhares de pessoas morrem de AVC no mundo... isso faz parte do mundo real e ponto.", afirmou Laura. 
O discurso de Lula no velório da mulher também foi compartilhado por Laura no chat. Na ocasião, o ex-presidente afirmou: "Eles que têm que provar que as mentiras que estão contando são verdade. Então, Marisa, descanse em paz porque esse Lulinha paz e amor vai continuar brigando muito".  O procurador Deltan Dallagnol define a declaração de Lula como "uma bobagem". "Bobagem total... nguém (sic) mais dá ouvidos a esse cara", diz.

Morte do neto

A despedida de Lula do neto Arthur Araújo Lula da Silva, que morreu aos sete anos em março deste ano, também foi assunto entre procuradores.  O ex-presidente foi recebeu uma autorização da justiça para ir ao enterro do neto, em uma aeronave cedida pelo governo do Paraná.
Dallagnol enviou aos colegas a notícia sobre um telefonema entre Lula e o ministro do STF Gilmar Mendes, em que o ex-presidente teria se emocionado. O procurador Roberson Pozzobon comenta a nota: "Estratégia para se 'humanizar', como se isso fosse possível no caso dele rsrs".

Outro lado

A reportagem procurou a  força-tarefa da Lava Jato em Curitiba que alegou não poder se manifestar sem ter acesso integral às conversas. 

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