quinta-feira, 14 de março de 2019

‘Voltei ao baixo clero. Sou o 081 do Senado’, diz Renan


Renan Calheiros (MDB-AL)
Quarenta dias após ser derrotado na disputa pela presidência do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) voltou a vestir o figurino do “velho Renan” e não deixa dúvidas de que pretende liderar a oposição. Com um discurso crítico ao governo, o senador do MDB afirmou que a gestão de Jair Bolsonaro “parece sem rumo” e vive um momento de “autoflagelação”. Apesar de classificar Paulo Guedes como “bem intencionado”, Renan argumentou que, sozinho, o ministro da Economia nada poderá fazer e mostrou resistências ao modelo de reforma da Previdência enviado pelo Executivo ao Congresso. Mesmo assim, não deu pistas de como será sua atuação daqui para a frente. “Eu voltei para o baixo clero. Sou o 081 do Senado”, disse Renan ao Estado. O senador andava apressado no “túnel do tempo”, como é conhecido o corredor que liga o prédio do Congresso a um anexo do Senado, quando parou para cumprimentar uma antiga colega. “Lula mandou um forte abraço para você”, afirmou a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT. Era terça-feira e Renan combinou com ela que em breve visitaria novamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba desde abril do ano passado. Nas conversas com correligionários, a portas fechadas, o senador alagoano não deixa dúvidas de que sua articulação será contra o governo. Na noite desta quarta-feira, 13, por exemplo, ele participou de um jantar no qual muitos se queixaram do estilo do presidente. “Bolsonaro, com todo respeito, ganhou a eleição e eu respeito bastante quem ganha eleição. Mas essa renitência de manter a divisão da sociedade pela rede social, não deixando que ódios sejam superados, é uma coisa muito complicada. Cada vez mais o presidente vira sinônimo da velha prática política”, insistiu o senador. Ao definir o que chama de “autoflagelação”, Renan disse que o Palácio do Planalto é “insuperável” na produção de fatos negativos. “O ministro da Educação (Ricardo Vélez Rodríguez) é um horror, o das Relações Exteriores (Ernesto Araújo) não fica atrás. Mas não dá para predizer o que vai acontecer com o governo até porque seria uma competição insustentável com o cientista político Olavo de Carvalho”, ironizou.
Estadão

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