terça-feira, 27 de setembro de 2016

Temer dará ‘última chance’ a ministro da Justiça


O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes
“Não é possível!” Assim reagiu o presidente Michel Temer, ainda no domingo, quando informado pela assessoria do teor do vídeo em que seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, se regozija diante de militantes de um movimento de combate à corrupção em Ribeirão Preto de que haveria novas ações da Lava Jato nesta semana. A irritação de Temer foi descrita pelos assessores como maior que a demonstrada com outros deslizes de membros do primeiro escalão. O presidente acha que a fala de Moraes feriu a “institucionalidade” que se espera do cargo de ministro da Justiça, e coloca em xeque o distanciamento entre governo e Polícia Federal, que já era alvo de questionamento na sociedade e por parte de adversários. Não foram poucos os que aconselharam Temer a demitir Moraes como uma medida exemplar — tanto de que passou a fase de ministros cometerem incontinência verbal quanto de que não vai fazer nada para interferir na Lava Jato. “Todo o Palácio”, respondeu um auxiliar diretamente ligado ao presidente diante da pergunta sobre quem pediu a cabeça do ministro. Temer decidiu, no entanto, dar uma chance ao ministro. “Mas ele sabe que foi a última dele”, continua esse auxilar. Os dois conversaram por telefone e devem se encontrar no jantar de abertura do Palácio da Alvorada aos novos “inquilinos”, mas a agenda do presidente não prevê, ao menos por enquanto, uma audiência formal com o ministro da Justiça. Não é a primeira vez que Moraes fala demais. Antes ainda do impeachment, ele já havia causado constrangimento ao confirmar a sondagem para integrar o governo. Aliados muito próximos de Temer demonstram desconfiança com a ambição política do ministro. Ressaltam, inclusive, o fato de que ele tem ficado muito tempo em São Paulo, e não deveria estar fazendo campanha para um candidato tucano no interior do Estado. Veem a movimentação como uma preparação para a candidatura de Moraes ao governo do Estado, daqui a dois anos, e dizem que a pretensão é incompatível com o cargo que ele exerce.
Estadão

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